Quando falamos sobre saúde do cérebro, é comum pensar em quebra-cabeças, leitura, sono e talvez até suplementação. Mas o que poucos imaginam é que a alimentação tem um poder direto e estrutural sobre o cérebro — inclusive moldando literalmente regiões ligadas à memória, ao foco e ao aprendizado.
E isso não é força de expressão. Um estudo recente mostrou que o tipo de proteína que você consome pode proteger (ou acelerar o envelhecimento) de áreas essenciais do cérebro, como o hipocampo.
📍 O que é o hipocampo e por que ele importa tanto?
O hipocampo é uma estrutura localizada no lobo temporal do cérebro, responsável por armazenar memórias de curto e longo prazo, consolidar o aprendizado e regular respostas emocionais. É uma das primeiras áreas afetadas em doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer, e está diretamente ligada à manutenção da saúde cognitiva ao longo dos anos.
A redução do volume do hipocampo tem sido associada à perda de memória, dificuldade de concentração, piora da tomada de decisões e até sintomas depressivos.
E agora, um novo fator entra nessa equação: a proteína que você consome no seu dia a dia.
🔬 O estudo que revelou essa conexão
Pesquisadores analisaram dados de mais de 2.700 pessoas do UK Biobank, que foram acompanhadas por três anos e submetidas a exames de ressonância magnética para avaliar a saúde cerebral.
O que eles encontraram foi surpreendente:
- Indivíduos com baixa ingestão de proteínas, especialmente as de origem animal, apresentaram redução acelerada no volume do hipocampo ao longo do tempo.
- Já aqueles com maior consumo de proteína animal mostraram uma preservação mais significativa dessa região cerebral.
Esses resultados indicam que a proteína animal pode ter um efeito neuroprotetor de longo prazo. A explicação possível? A proteína de origem animal fornece uma combinação de aminoácidos essenciais e micronutrientes (como vitamina B12, ferro heme, colina e creatina) que participam da síntese de neurotransmissores, manutenção estrutural do cérebro e regulação de processos inflamatórios.
📚 Referências:
Zhou et al., Am J Clin Nutr, 2024. DOI: 10.1016/j.ajcnut.2024.01.003
Nishiwaki et al., J Nutr Health Aging, 2022. DOI: 10.1007/s12603-021-1717-5
🥦 E a proteína vegetal? Não é suficiente?
Calma! Não é sobre demonizar proteínas vegetais. Leguminosas, grãos e sementes são riquíssimos em fibras, fitoquímicos e diversos nutrientes essenciais. Porém, em termos de composição de aminoácidos e biodisponibilidade, as proteínas vegetais geralmente são menos completas quando comparadas às de origem animal.
Além disso, para atingir as mesmas quantidades de aminoácidos essenciais, muitas vezes é necessário um planejamento alimentar bem mais estratégico — especialmente para populações com maior demanda nutricional, como idosos, gestantes, atletas e pessoas com doenças crônicas.
Isso não significa que vegetarianos ou veganos estão em desvantagem, mas sim que o acompanhamento profissional se torna ainda mais importante para garantir que não haja déficits que impactem a função cerebral (como vitamina B12, que é praticamente exclusiva de alimentos animais).
✅ O que você pode fazer na prática?
Aqui vão ações práticas pra você começar a cuidar do seu cérebro através da alimentação:
🔹 Inclua proteína de qualidade em todas as refeições: café da manhã, almoço, lanche e jantar. Espalhar o consumo ao longo do dia ajuda na absorção e síntese proteica;
🔹 Dê atenção à variedade de fontes proteicas: ovos, frango, peixe, carne vermelha magra, iogurtes naturais, queijos brancos e leguminosas;
🔹 Aposte em nutrientes que complementam a ação da proteína:
- Colina (gema de ovo, fígado, frango) → participa da formação de neurotransmissores;
- Ômega-3 (salmão, sardinha, linhaça) → reduz inflamação e protege os neurônios;
- Vitamina B12 e ferro heme → previnem declínio cognitivo;
🔹 Cuide da saúde intestinal: uma microbiota desequilibrada afeta a absorção de nutrientes fundamentais para o cérebro;
🔹 Evite dietas restritivas ou modismos alimentares sem orientação. Dietas sem proteína suficiente podem parecer inofensivas no curto prazo, mas têm impacto real na sua saúde mental e cognitiva a longo prazo.
O que você come hoje define como seu cérebro vai funcionar amanhã
A ideia de que “você é o que você come” nunca foi tão literal. Se você quer preservar sua memória, manter a capacidade de foco, clareza mental e prevenir doenças neurodegenerativas, precisa olhar para a qualidade das suas refeições.
E isso não se resume a quantidade de calorias ou número na balança: a nutrição é um investimento no seu cérebro, no seu futuro e na sua qualidade de vida.
Se você quer entender se está consumindo a quantidade e o tipo certo de proteína, se precisa ajustar sua alimentação ou prevenir possíveis déficits, conte comigo.
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Forte abraço,
Nutri Mai.