Como a alimentação impacta o funcionamento do cérebro neurodivergente

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Você já parou pra pensar que o que comemos pode influenciar diretamente como o nosso cérebro funciona? Pois é. Para pessoas neurodivergentes — incluindo autistas, indivíduos com TDAH, dislexia, entre outras condições — essa relação pode ser ainda mais significativa.

Cada cérebro funciona de um jeito único. E quando falamos em neurodivergência, estamos falando de formas de pensar, sentir e perceber o mundo que se distanciam do chamado “neurotípico”. O que talvez ainda seja pouco discutido é como uma alimentação estratégica e personalizada pode ajudar a modular sintomas, melhorar a qualidade de vida e favorecer o bem-estar físico e emocional dessas pessoas.

🧠 Cérebro neurodivergente: o que muda?

Pessoas neurodivergentes frequentemente apresentam:

  • Hiperfoco ou dificuldade de concentração
  • Alterações sensoriais (sons, texturas, cheiros)
  • Problemas gastrointestinais
  • Alterações no sono e no comportamento alimentar
  • Maior sensibilidade emocional ou dificuldade na regulação emocional

Essas características podem influenciar diretamente a relação com a comida e com a rotina alimentar — e vice-versa.

🌿 O que a ciência já sabe?

Estudos recentes mostram que existe uma relação intensa entre o intestino e o cérebro — o famoso eixo intestino-cérebro. Em pessoas neurodivergentes, esse eixo pode ser mais sensível. Problemas intestinais, como disbiose (desequilíbrio da microbiota), permeabilidade intestinal e inflamação crônica, são mais comuns em autistas e em pessoas com TDAH, por exemplo.

➡️ Um estudo da Frontiers in Psychiatry apontou que intervenções nutricionais podem melhorar comportamentos sociais, foco, sono e até crises sensoriais em pessoas no espectro autista.

Segundo a revisão sistemática publicada em 2024 no World Journal of Clinical Pediatrics, até 70% das pessoas com autismo apresentam algum tipo de desconforto gastrointestinal (dor, constipação, diarreia, refluxo). Além disso, é comum a presença de disbiose intestinal, inflamação crônica de baixo grau e deficiências nutricionais associadas a dietas restritivas e seletividade alimentar.

Esses fatores não apenas afetam o sistema digestivo — eles têm impacto direto sobre o comportamento, o sono, o humor e até as habilidades cognitivas​

🍽️ Seletividade alimentar: desafio e oportunidade

Pessoas autistas ou com TDAH podem apresentar seletividade alimentar acentuada. Isso significa aversão a determinadas texturas, cores ou temperaturas dos alimentos. Muitos preferem alimentos crocantes, com sabor neutro ou aparência previsível. Em contrapartida, evitam vegetais cozidos, molhos misturados ou cheiros fortes.

Esse comportamento alimentar pode levar a uma dieta pouco variada, rica em carboidratos simples e pobre em nutrientes essenciais — o que agrava ainda mais sintomas gastrointestinais e comportamentais​

Nutrientes que fazem diferença no cérebro neurodivergente

✅ Alimentos que ajudam:

  • Ômega-3 (peixes, sementes, óleo de peixe): anti-inflamatório, melhora sinapses, atenção e regulação emocional
  • Fibras e prebióticos: modulam microbiota, reduzem inflamação intestinal
  • Vitaminas do complexo B (B6, B12, folato): essenciais para neurotransmissores como serotonina e dopamina
  • Ferro, zinco e magnésio: relacionados à cognição, foco e imunidade
  • Antioxidantes naturais (frutas vermelhas, cúrcuma, cacau): protegem contra o estresse oxidativo cerebral

❌ Alimentos que podem piorar os sintomas:

  • Açúcar em excesso: aumenta inflamação, piora hiperatividade e oscilações de humor
  • Corantes e aditivos artificiais: associados ao agravamento de sintomas comportamentais
  • Glúten e caseína: em alguns casos, contribuem para inflamação intestinal e alteração no eixo intestino-cérebro​

💊 Suplementação e dietas específicas

A revisão também destacou o papel da suplementação com vitaminas (como D, B12, ferro, zinco) e ácidos graxos essenciais. Quando a alimentação não dá conta, os suplementos podem ser aliados importantes — desde que acompanhados por profissionais.

Dietas como a cetogênica, o protocolo GAPS, a SCD (Specific Carbohydrate Diet), e dietas sem glúten e caseína podem ser testadas com critério, sempre com acompanhamento individualizado, pois não funcionam igualmente para todos e podem não aliviar os principais sintomas relatos pelo paciente de primeira tentativa. Muitas vezes o cuidado da microbiota antes de iniciar qualquer protocolo pode ser o caminho mais assertivo.

Por fim…

A alimentação pode ser uma grande aliada no cuidado com o cérebro neurodivergente. Ela pode ajudar a equilibrar o organismo ajudando no processo de detoxificação, melhora da imunidade, melhora na taxa de absorção intestinal que muitas vezes está prejudicada, melhorar a energia, o foco ao repor nutrientes essenciais, o sono e até o bem-estar emocional.

Quando o corpo está nutrido de forma inteligente, tudo funciona melhor — inclusive o cérebro.

🌱 Se você (ou alguém que você ama) é neurodivergente e sente que a alimentação pode estar impactando o dia a dia, eu posso te ajudar com um plano individualizado e com foco em saúde no longo prazo para o paciente, bem como na sua melhoria de qualidade de vida.

📆 Agende sua consulta comigo e vamos construir uma rotina alimentar mais leve, nutritiva e adaptada à sua realidade ou de quem você ama.

Vai ser um prazer te acompanhar nessa jornada!

Forte abraço,
Nutri Mai.

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