Nos últimos anos, a ciência tem revelado algo surpreendente: o intestino e o cérebro estão mais conectados do que imaginávamos. Essa conexão, chamada de eixo intestino-cérebro, tem mostrado que o equilíbrio da microbiota intestinal — o conjunto de trilhões de microrganismos que habitam nosso intestino — pode influenciar diretamente o comportamento, o humor, a cognição e o neurodesenvolvimento, principalmente em crianças com TEA (Transtorno do Espectro Autista) e TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade).
Mas o que exatamente isso significa? Como a alimentação pode influenciar esse processo? E o mais importante: o que você, como pai, mãe ou cuidador, pode fazer?
Vamos entender.
🌿 O que é a microbiota intestinal?
A microbiota é composta por bactérias benéficas que participam da digestão, produção de vitaminas, regulação da imunidade e proteção contra agentes nocivos. Quando esse sistema está em equilíbrio, ele contribui para o bom funcionamento do organismo. Porém, quando há um desequilíbrio (a chamada disbiose intestinal), diversos problemas podem surgir — inclusive no cérebro.
🧬 A conexão entre intestino e cérebro
Nosso intestino produz neurotransmissores essenciais, como a serotonina (relacionada ao bem-estar) e a dopamina (importante para motivação e foco). Estima-se que cerca de 90% da serotonina do corpo seja produzida no intestino!
Além disso, o intestino se comunica com o cérebro por meio do nervo vago e através de substâncias inflamatórias. Isso significa que um intestino inflamado ou desregulado pode interferir diretamente nas funções cognitivas e comportamentais.
🧩 Microbiota e neurodiversidade
Estudos mostram que muitas crianças com TEA ou TDAH apresentam alterações na microbiota intestinal, como menor diversidade de bactérias benéficas e maior presença de espécies patogênicas. Esses desequilíbrios podem contribuir para:
- Aumento da irritabilidade e crises sensoriais
- Dificuldades de atenção e aprendizado
- Ansiedade, depressão e distúrbios do sono
- Sintomas gastrointestinais como constipação, inchaço e diarreia
Um estudo publicado no Journal of Autism and Developmental Disorders demonstrou que crianças com autismo que receberam suporte nutricional e intervenção para melhora da microbiota apresentaram melhoras comportamentais significativas ao longo de 8 a 12 semanas.
🍎 Como a alimentação pode ajudar?
A boa notícia é que a nutrição tem um papel direto e poderoso na regulação da microbiota intestinal. Algumas estratégias nutricionais eficazes incluem:
✅ Incluir alimentos ricos em fibras (frutas, legumes, sementes, aveia)
✅ Utilizar prebióticos e probióticos, de forma individualizada (através da suplementação)
✅ Reduzir o consumo de alimentos ultraprocessados, açúcar e corantes artificiais
✅ Avaliar e remover alimentos potencialmente inflamatórios, como glúten e caseína (quando há indicação clínica – pois funcionam como opioides)
✅ Melhorar a ingestão de gorduras boas, como o ômega-3 (presente em peixes, linhaça, chia)
💡 Exemplo prático:
Imagine uma criança com TDAH que apresenta sintomas como irritabilidade, falta de foco e prisão de ventre. Após análise nutricional e exames específicos, identifica-se disbiose. Com ajustes alimentares, uso de probióticos e modulação da microbiota, em poucas semanas nota-se melhora intestinal, mais estabilidade emocional e maior atenção nas tarefas. Isso é comum em atendimentos individualizados.
A saúde do intestino vai muito além da digestão: ela impacta diretamente o cérebro, o comportamento e o desenvolvimento neurológico. Para crianças e adultos neurodivergentes, cuidar da microbiota intestinal pode representar uma verdadeira virada de chave na qualidade de vida e na evolução de sintomas.
Não existe fórmula mágica — cada pessoa é única, e por isso, a intervenção nutricional deve ser personalizada, com análise criteriosa da rotina, histórico clínico, exames e preferências alimentares.
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Forte abraço,
Nutri Mai.